sábado, 7 de janeiro de 2012

O HOMEM DA CADEIRA DE RODAS


O HOMEM DA CADEIRA DE RODAS

O triste homem passa com seu olhar cabisbaixo,
Pela rua, onde a escola de minha filha está.
Olhar de quem tem muita vivência para contar...
Olhar sem esperança
Olha para as crianças e adolescentes que chegam ao colégio.
Para então.
Estaca-se ali.
No meio da rua, calado, imóvel.
Com um sorvete na mão...
Os carros passam rentes à ele
E não se move...
A chuva recomeça
Que dias de chuva intermináveis! Pensei...
Eu, ali, a observar o homem...
Em sua roupa humilde, quase rasgando,
Não se importava com o mundo à volta.
Parecia que estava ali, só para ser mais uma peça na rua.
Como um poste, ou uma rampa...

Continuei observando, diga-se de passagem, sou observadora nata:
Vivo a vida em completa e constante observação das coisas ao meu redor...
Exatamente o oposto daquele homem,
Parado ali.
Sem ligar para os carros, pessoas, cães, tudo que estava pela rua...

Dei-me conta de seu tormento:
A cadeira de rodas!
Só nesse momento, percebi o porquê da sua tristeza!
Para mim, ele seria mais um cadeirante, que passa na rua, como tantos que tive oportunidade de trabalhar, fazendo um apoio social...
Mas para ele, seu mundinho encerrou ali.
Parecia que ele estava de propósito no meio da rua, para que um carro o pegasse de jeito...
À espera de alguma coisa parecida...
Notei que seus olhos tristes cansaram de viver,
Talvez quisesse ficar livre do seu tormento:
A cadeira de rodas...
O sinal bateu na escola, e todos entraram, quando me virei para dar um beijo em minha filha, e voltei os olhos de novo, o homem não mais estava ali.
TÃO RÁPIDO SUMIU, COMO APARECEU.
O que será que houve com o homem da cadeira de rodas?



Fátima Abreu

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