sexta-feira, 29 de agosto de 2014

EXAGERO, TEU NOME É "PERUA"...

 REEDITADO ( TEXTO DE FATO ACONTECIDO EM 2012)


Vivo incógnita na multidão das poucas vezes que saio de casa.
Ninguém sabe quem sou, nem de onde venho, ou o que faço.
Presto atenção ao meu redor: detalhes, situações, coisas que posso desenvolver, na minha escrita.
Gosto de observar, para ter o que aqui contar...

Ninguém imaginaria na rua, a escritora por detrás da mulher 'mignon', que passa em meio ao burburinho de pessoas, andando de um lado a outro, procurando a fonte de mais um poema, crônica, artigo ou conto.

Cá estou eu, voltando de uma caminhada, no sol de outono (ainda quente), já bronzeando a pele, quando paro com a minha filha em certa loja, daquelas que vendem de tudo um pouco: desde roupas, biquínis, brinquedos, artigos para presente, até acessórios e maquiagem.

Nada para mim, paro por ela, que queria saber o preço de um delineador. Mas dentro da loja estavam duas mulheres na casa dos 40 (assim como eu, na época).
Cada qual  inapropriadamente vestida...

Quem tem espelho em casa, não sairia daquela forma, ou se é jovem, ou não!
Certo, a juventude está na mente.
Mas, vamos ter que saber o limite que há em usar uma roupa com 20 anos, e estar passando dos 40, usando o mesmo tipo...

Não gosto de julgar quem quer que seja, porque não quero que me julguem. Mas a situação era constrangedora tanto para a balconista e a dona da loja que as atendia, quanto para mim que acabara de chegar. Uma coisa realmente chocante!

A loira oxigenada, de cabelos médios, parecia ser 'assistente' da outra, ou 'amiga servil', não sei bem...
Já a morena de cabelos negros, bem curtos, geometricamente cortados, tinha um 'ar' altivo, e dizia para a dona da loja quando entrei:

_ Tenho que voltar logo, meu filho chega hoje, de Boston...

O exibicionismo em pessoa.
Fazia gestos para chamar atenção, não bastava o vestido verde alface, curtíssimo, que deixava de fora as coxas, grossas, pelo excesso de peso, e o tamanco alto, de salto acrílico, além é claro, dos inúmeros apetrechos que ela chamaria de acessórios... Já eu não: chamaria aquilo, de badulaques mesmo.
Uma maquiagem exagerada, assim como a figura em si.

A loira não ficava para trás:
Usava um vestido amarelo 'tomara que caia", drapeado, curtíssimo também, deixando de fora as coxas cheias de celulite, pois ainda era mais 'acima do peso', que a morena. Ela rapidamente foi abrir a traseira do "carrão" vermelho fogo, para colocar as 'comprinhas' que fizeram ali, depois se encarregou de abrira as portas do carro enquanto a 'morena de cabelo futurista', se despedia de D. Rosa, a dona da loja.

Mal deram as costas, D. Rosa virou para mim e disse:
_ Como é que as pessoas saem por aí, vestidas assim? Nossa, precisa de coragem pra isso!

Eu nada disse, apenas pensei:
Tem gente que gosta de passar e deixar sua presença, ainda de forma escandalosa...
É mais ou menos assim:
"FALEM BEM OU MAL , MAS FALEM DE MIM!"

Eu jamais andaria por aí assim, tenho espelho em casa... ainda que fosse apenas o do banheiro.

Fátima Abreu


Agora, o mesmo enredo, de forma poética:

 EXAGERO, TEU NOME É "PERUA"..

Vivo incógnita na multidão,
Ninguém sabe de onde venho, para onde vou, o que faço, e quem sou...

Ninguém imagina a escritora, por detrás da figura pequena e frágil,
Mas meus olhos procuram ágeis, e me ponho a observar,
Para ter o que aqui, dizer, contar...

Vejo duas 'emergentes' colocando objetos no carro, fúteis demais.
Saltos altíssimos, vestidos curtíssimos.
Mulheres que adquiriram dinheiro, sabe se lá como...
Classe não tinham, em "berço de ouro", não nasceram.
Na minha concepção, 'peruas', elas são...

Acho que não se olham no espelho.
Talvez, por não aceitarem sua situação.
A  loira oxigenada, com o vestido drapeado, curto, parecia ser assistente da morena, que mais parecia sair de um filme de ficção:
Pois o cabelo negro e curto, tinha um corte futurista,
Geometricamente cortado, tal qual modelo de revista...

Vestiam-se nada de acordo com as idades,
Acessórios demais, coloridas demais, badulaques demais...
Tudo ali, tinha um nome: Exagero!
Pareciam saídas de um bordel...
Embora pudessem ser cafetinas:
Pois num carro daqueles,
Não entrava, nem se tinha, uma simples menina...

Fátima Abreu




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