terça-feira, 5 de março de 2013

NÃO HÁ OUTRA NEGOCIAÇÃO...

              

Não há outra negociação!

O que fizemos de nós dois?

Foram momentos de prazer,

E nada há mais além disso?

Queria mesmo teu rosto no meu colo,

Partilhando cada momento, sem fim:

Fosse bom ou ruim...


Queria teu aconchego na hora de dormir,

E o abraço apertado, quando me vir chorar

Fazendo cada lágrima sentida, passar...


O que é isso agora,

Onde estão nossas promessas de amor? 

Cada beijo dado antes, tinha nosso sabor...

Agora, não há mais negociação!

Fossêmos voltar no tempo, 

Para um novo recomeço

Talvez assim, desse certo.

Como nos primeiros dias e meses,

Quando antes, tínhamos sintonia...

  Fátima Abreu

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 *AUTOPSICOGRAFIA

    O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.
    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.
    E assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração.

    Fernando Pessoa

 

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