domingo, 22 de maio de 2016

ENCONTRO CASUAL?=> 6 CAPTS PARA DEGUSTAÇÃO- REPUBLICADO

*Para quem não leu o conto, veja aqui os primeiros 6 capts, já corrigidos (aqui no blog não corrijo, porque vou escrevendo diretamente, segundo a inspiração e deixo assim, somente quando passo para o Word, faço as modificações):


http://www.bookess.com/read/19750-encontro-casual/ ROMANCE POLICIAL/ ESPIRITUALISTA



"Encontro Casual?"

Por:
Fatima
Abreu



 CAPT 1


Um encontro casual.
Foi o que aconteceu.
Bem, isso, se acaso existe...
Micaela e Jordan. Duas pessoas com os mesmos ideais. Classes sociais diferentes.
Embora Micaela disfarçasse muito bem sua condição financeira.
Alugava um terninho quando precisava. Os sapatos comprava em um saldão de loja. A maquiagem, em lojas baratas de periferia, onde vendiam produtos MADE IN CHINA.
As bolsas em brechós de primeira, onde poderia comprar semi novas, às vezes sem uso nenhum:
Estavam ali só por um defeitinho de fábrica, que Micaela disfarçava bem com um lencinho amarrado na bolsa.
Dessa forma, levava a vida com seus apertos. Mas, sempre conseguia um emprego, mesmo que temporário.
Cada vez que conseguia empregar-se, mudava o tom da cor de cabelo. Por que fazia isso?
Nem ela sabia! Talvez achasse que daria sorte e que ficaria empregada por mais tempo...

Jordan era um francês que morou quase toda a vida na Inglaterra, pois fora adotado desde seus dois anos de idade, por um bom casal que não podia ter filhos. Em visita à França, resolveram ir até um orfanato.
E lá, apaixonaram-se de imediato pelo menino magrinho de cabelos castanhos, com incríveis olhos atentos ao redor, que continham um verde quase translúcido.
Nada faltou para si em toda vida.

Já para Micaela tudo era mais difícil!
Teve que trabalhar desde muito cedo em casas de família abastadas. Era uma arrumadeira aos 15 anos, que um dia sonhou com grandes coisas para si...
Quando estava com 17 anos, o filho do meio dos patrões, um dia a violentou. Ela foi se queixar aos pais do jovem, que apenas olharam para ela com um tom de pena, e deram-lhe uma boa quantia para que tentasse a vida em algum outro lugar. Advertiram que caso ela ficasse grávida, que lhes dissesse, pois tomariam as devidas providências...
Isso para eles significava uma única coisa: Um aborto!
Não, Micaela felizmente não engravidou.
Claro que ela não gostaria de estar se sentindo "silenciada", mas nas suas condições de órfã, e sozinha no mundo, teria que aceitar aquele dinheiro que lhe ofereciam...
Com a quantia que tinha nas mãos, viajou para a Inglaterra.
Lá alugou um quartinho com banheiro na periferia.
Comer? Quando desse! Em algum local que tivesse pelo menos café e torradas com geleia de frutas.
Já estava a quase quatro anos dessa forma.

Foi quando chegou a um Café (para sua parca refeição do almoço), e ao seu lado sentou-se Jordan.
O Café estava lotado, e havendo apenas um lugar disponível ao lado de Micaela, perguntou se ela não se importava que ficasse ali:
_ Incomodo se sentar aqui?
_ Imagine! o Café está lotado. Pode ficar à vontade. Não gosto mesmo de sentar sozinha para comer...
Já faço isso todos os dias. Sempre bom ter com quem falar, para sair da rotina, não acha?
_ Bem, eu falo com muitas pessoas todos os dias. Pelo jeito, você não...
_ Sim, é isso. Sou uma solitária. Fiquei órfã muito cedo, e tive de me 'virar' para não ir parar numa instituição para menores.
_ E como foi isso?
Ela então começou a falar sobre uma vida que não era a sua, uma fantasia que havia criado, para esquecer tudo:
_ Quando meus pais morreram em um acidente de carro, o juiz deixou minha tutela com meu tio avô. Mas ele morreu seis meses depois. Eu fugi logo depois do enterro: As colegas do colégio ali presentes, disseram que me poriam em um orfanato até a maioridade.
Eu arrumei uma pequena mochila para disfarçar e saí andando pela estrada. Um casal viu e quis me levar para um posto policial, eu então disse que se me deixassem em casa da minha prima perto do Canal da Mancha estaria tudo certo, pois ela já me esperava.
Visivelmente, não acreditaram muito. Porém, acharam melhor fazer o que eu pedia.
Se eu tinha para onde ir, era melhor!
Assim eles me deixaram bem pertinho do canal.
Logo, fui até a casa da prima e contei-lhe tudo.
Ela ficou bem chateada por eu ter fugido, pois era mais fácil eu tê-la avisado, para que tomasse as providências.
Assim, fiquei com minha prima, que era pelo menos dez anos mais velha que eu, tinha emprego fixo e sem filhos. Fizemos companhia uma à outra... Até que um ataque cardíaco a matou. Fiquei sozinha, novamente...
Jordan escutou e refletiu como seu mundo era diferente daquela moça ao seu lado...
Perguntou então:
_ Tem emprego?
_ Bem, sou 'free'. Quando surge um, eu pego. Com toda essa crise na Europa está difícil para todos...
_ Estamos conversando e não sei seu nome ainda... O meu é Jordan.
_ Ah, é mesmo! Sou Micaela.
Apertaram as mãos. O que poderia dar em um futuro romance, era muito mais que isso:
O destino havia traçado sua teia...


CAPT 2


A conversa continuou. Micaela e Jordan não percebiam o tempo passar. Trocaram então cartões de apresentação.
Ficou uma promessa no ar de um novo encontro, desta vez seria marcado por telefone.
Jordan pagou a conta, mesmo Micaela dizendo que não precisava. Ele leu em seus olhos a necessidade que a moça passava...
Há coisas que não precisam ser ditas, basta uma olhada a mais do observador para serem notadas.
Despediram-se. Cada um seguiu seu caminho naquela tarde. Mas, o pensamento de que aquele 'encontro casual' era obra de alguma força maior, passou por suas mentes...

No passado...

Mirthes dava a luz a um casalzinho de gêmeos. Uma cabana no meio da floresta foi o palco do nascimento. Apenas um instante de felicidade para Mirthes:
Roger seu esposo, havia morrido dias antes dos filhos nascerem. Viúva e chorosa, ela só teve a companhia de sua irmã Corine, nos últimos dias da gestação.
Corine fizera o parto. E também cuidou da irmã deprimida e dos sobrinhos recém nascidos.
Mas, Mirthes aumentava visivelmente sua depressão. Corine, percebendo isso, disse-lhe certa noite ao embalar os gêmeos no berço:
_ Irmã, você não tem melhorado em nada. Ademais, os bebês precisam de carinho e atenção. Isso você infelizmente não tem dado... Não seria melhor ficar apenas com um deles e doar para uma família que queira um filho, o outro?
_ Sabe Corine, eu já havia pensado nisso. Estava amadurecendo a ideia... Mas se tiver que doar, farei com os dois. Não é justo que dê carinho a apenas um deles. Então, para que nunca se encontrem, você leva o menino para onde quiser: um orfanato, casa de família... A menina, eu me encarrego, pois sei quem vai querê-la: Um casal que perdeu sua única filha no ano passado. Ouvi dizer que estavam pensando em adotar. Farei então a proposta.
_ Está certo. Levarei o pequeno quando você achar melhor. Deixarei no orfanato da cidade. Lá vão se encarregar de lhe dar uma boa família, com certeza.
_ Na semana que vem.
_ Já? Não quer ficar mais um pouco com eles?
_ Quanto mais cedo melhor. Pois não quero correr o risco de me afeiçoar aos bebês.

_ Sim, essa decisão é sua. Então farei isso na próxima semana. Agora vamos banhar as crianças...

************************************

O orfanato era totalmente discreto: Havia ainda o sistema da 'RODA', para que doassem as crianças sem saberem de quem e de onde provinham.
A RODA, ficava do lado de fora, com uma saída/entrada para dentro do orfanato, por uma portinhola.
Uma pessoa trazia a criança, depositava em uma das partes acolchoadas e girava a roda para que ela entrasse no orfanato. E assim, alguém do lado de dentro, recebia a criança e a levava para a direção, onde era feito um registro de chegada.

Foi dessa forma que Jordan chegou ali. Numa fria manhã do comecinho do inverno...
Coberto por mantas e apenas um bilhetinho preso, com os dizeres:
“CUIDEM DE MEU SOBRINHO".

Com lágrimas nos olhos, Corine saiu, perguntando dentro de si, se agira bem, quando deu força para que a irmã tomasse essa decisão... Era necessário, repetia para si mesma.
Afinal, Mirthes estava desequilibrada, e poderia por em risco a segurança dos pequenos, quando Corine voltasse para casa e a deixasse sozinha com os gêmeos.
Além disso, Mirthes não poderia sustentá-los, pois nem a ela mesma saberia como fazer de início, já que era o falecido marido que trazia o 'pão de cada dia' para casa...
Enquanto isso, Mirthes pensava: Teria que deixar passar o resguardo e depois sairia procurando um emprego. Pegaria qualquer coisa, estava decidida! Tomou um gole de café, abriu o jornal e começou a procurar...


CAPT 3


Acontecera havia tanto tempo...
Mirthes também relembrava quando entregou a menina recém nascida, ao casal que havia perdido a única filha, em acidente trágico:
A menina de então nove anos, atravessava a rua distraidamente, lendo uma revistinha em quadrinhos, quando aquele ônibus sem freios a pegou.
Foi com alegria que receberam a bebezinha, no lar, acreditando que Deus havia lhes dado novamente a mesma menina perdida, um ano antes: Eram franceses espiritualistas e acreditavam na reencarnação.
Até os olhos e a testinha da criança relembravam a filha! Resolveram então dar-lhe o mesmo nome da falecida, passando a bebezinha a ser chamada de Micaela.

O destino se escreve sozinho, e puderam acompanhar a nova filha até os 15 anos. Entretanto, um acidente de carro, pois fim à felicidade que havia encontrado com Micaela. Numa estrada, que estava coberta por neve, o carro deslizou e bateu numa árvore. O casal morreu na hora, mas Micaela que estava no banco de trás, conseguiu sobreviver, saindo do acidente com pequenas escoriações apenas.
Agora era uma filha que ficava sem os pais. Depois que saiu do Hospital, pegou suas coisas, entregou a casa ao senhorio e foi embora pedindo carona pela rodovia.
Seu objetivo era ir para bem longe para que ninguém viesse procurá-la para colocar numa instituição até a maioridade. Ouvira falar que as meninas sofriam abusos de funcionários, no orfanato de sua cidade. Não estaria disposta a isso: Preferia correr mundo, a ser violentada!

Essa era a verdadeira história de Micaela.
Mirthes não desconfiava o tanto que sua filha já havia passado nos últimos anos. Trabalhando em casas de família como arrumadeira, Micaela lutava para sobreviver e depois, já adulta, em empregos temporários que só garantiam uma refeição por dia...
O filho, dera mais sorte, mas também disso, Mirthes não sabia...
Duas vidas que tomaram rumos diferentes!
Agora, um encontro casual os colocara frente a frente...
Mas, os gêmeos não desconfiavam de seu parentesco tão próximo. Muitas coisas teriam que acontecer antes disso ser descoberto...

Apenas duas pessoas poderiam descortinar a verdade: Mirthes e sua irmã Corine.
Nesses anos, tornaram-se sócias.
Depois de muito bater a cabeça, em empregos aonde não chegava a lugar algum, Mirthes pediu ajuda de Corine.
Com a irmã custeando, fizera um curso de figurinista, e começou a produzir as peças que criava, pois Mirthes costurava bem e Corine bordava também, desde quando eram crianças.
Juntas, alugaram uma pequena loja. Foi o começo de um grande sucesso. Atualmente estavam com três filiais de sua grife.

************************

Uma moça de cabelos pintados um pouco manchados com restos da tinta anterior, entrou na loja e mostrou o jornal, dizendo estar interessada no emprego de balconista.
Durante os meses de novembro e dezembro, contratavam mais pessoas, por causa das festas de fim de ano. Eram pelo menos dois meses garantidos de sobrevivência para Micaela! Se fosse bem, quem sabe poderiam efetivá-la? Acontecia isso quando uma novata se destacava, ela sabia...

A recepcionista a levou ao Departamento Pessoal, onde seria entrevistada.
Corine estava lá. Apertaram as mãos. Corine pediu que se sentasse.
Apresentou-se como uma das sócias.
Ela então, lhe deu uma folha para que preenchesse: Continha perguntas a serem respondidas e dados pessoais.
A entrevista era apenas isso: Responder ao questionário e colher informações.
Micaela nunca tinha visto tal procedimento, mas, limitou-se a pegar o papel e escrever tudo que ali se pedia...

Corine a observava. Notou um suor pelo seu rosto, revelando ansiedade.
Acabando de responder, Micaela entregou o papel de volta para Corine, que leu cada linha muito atenta.

Olhou de volta, bem nos olhos da moça e disse:
_ Bem, está tudo certo. Não há nada que eu discorde nas suas respostas; sua lista de empregos anteriores, mostra que é bem versátil e que pode trabalhar em vários departamentos.
_ Isso quer dizer que estou contratada, senhora? Posso começar hoje mesmo?
_ Sim, está. Agora apenas deixe seus documentos no DP. Em seguida, vá apresentar-se também a minha irmã, Mirthes, para que ela lhe dê instruções, pois sei que não vai querer-lhe como apenas uma balconista: Você é bonita pode ser útil como uma apresentadora de nossas peças.
_ Modelo?
_ Não é isso... É a pessoa que apresenta as coleções, quando há os desfiles e também divulga nas revistas de moda e afins. Vamos dizer que seja uma 'secretária' para serviços extras.
_ Ah, sim... Bem, então vou fazer o que me mandou já! Obrigada pela chance, madame Corine.
_ Não tem que agradecer. Faça bem seu novo trabalho, estarei observando. Se der bons frutos, poderei dar-lhe um cargo fixo.
Micaela sorriu ao ouvir isso e apertou mais uma vez a mão estendida.

Corine a observou enquanto fechava a porta.
Pensou então:
" Essa moça me lembra Mirthes, não sei se por ter passado por vários empregos, ou algo mais... "
Voltou ao trabalho. Observaria a novata e com certeza, com o tempo descobriria o que lhe causava aquela sensação...


CAPT 4


Na sala para onde Micaela seguia a mando de Corine, uma lembrança passava na cabeça da mãe que ela não conhecia...
Mirthes fechou os olhos e relembrou uma imagem do passado distante:
Estava em Montmatre, ainda na França, seis anos de idade.
Mostrando para o artista que expunha seus trabalhos nas ruas da cidade, seus rabiscos infantis, mas que mostravam seu talento para os desenhos...

Ela agora olhava ao seu redor e via o quanto tinha progredido:
Uma atelier para suas criações, uma cadeia de lojas de sua grife: Rêver de la Belle.
Sim, agradecia também a ajuda de Corine, pois se não fosse por ela, nada disso seria possível!
Perdida nos pensamentos foi chamada ao presente, pela batida na porta.
_ Entre!
Micaela pediu licença e apresentou-se à Mirthes:
_ Olá, sou Micaela. A senhora Corine, disse para que eu me apresentasse aqui, Madame Mirthes.
_ Sente-se Micaela. Bem, bem... Parece-me familiar... Eu a conheci antes? Em algum de nossos desfiles, esteve presente?
_ Não, imagine, senhora! Eu até aqui, só vivi de empregos temporários e nunca fui modelo.
_ Engraçado... parece que te conheço, é uma sensação estranha! De onde vem?
_ Venho de Montmatre, na França. Preferi morar aqui na Inglaterra, desde que fiquei órfã, ainda adolescente.
_ Então devo ter te visto por lá, pois também sou dessa cidade! Quantos anos tem?
_ Tenho 21anos, na verdade, quase 22. Faço em maio.

Mirthes, olhou com mais atenção para Micaela e apenas em um momento, reconheceu-se naquele rosto...
Sim, era ela: A filha que ela havia doado para o casal que perdera a menina!
_ Como se chamavam seus pais, Micaela?
_ O nome deles está na ficha no DP, senhora. Pois consta em minha identidade.
_ Quero ouvir de você.
_ Valentín e Moira Carmello. Eram espanhóis, que migraram para a França.

Era a confirmação de que Mirthes precisava... Era esse mesmo casal.
Estava diante de sua filha! Depois de tantos anos, um encontro casual as aproximava novamente!
Não podia dizer-lhe por certo. O casal disse-lhe ao receber de braços abertos a bebezinha, que nunca contariam que era adotiva. Pediram também para que Mirthes nunca a procurasse, mesmo morando na cidade.
Assim ela fizera, pois também lhe convinha não saber o que acontecia...
A vida já era bem difícil trocando de emprego a todo momento! Quanto ao filho, nunca soube absolutamente nada. Deveria ter sido adotado por algum casal mesmo, estava bem, com certeza...

Mirthes tentou disfarçar o estranho sentimento que tudo isso lhe causava... Disse então para Micaela:
_ Seja muito bem vinda ao nosso local de trabalho, Micaela! Hoje mesmo darei todas as instruções para que comece e saiba que terá um bom salário. Outra coisa: Onde mora?
_ Bem perto, senhora. Não se preocupe, serei sempre pontual, como todos aqui em Londres.
_ Quero saber se é um apartamento, casa...
_ Até que seria bom... Não, madame: Moro de aluguel em um quartinho com banheiro.
_ Não. De agora em diante mude-se para meu atelier. Aqui você terá tudo que precisar.
_ Mas senhora, isso é um pouco incomum, não acha? O que dirão as outras funcionárias? Uma novata morando aqui no seu atelier... Na cobertura do prédio!
_ Quem manda sou eu. Elas não tem que ter opinião sobre isso. Para todos os efeitos, não gerar inveja e comentários que cheguem aos seus ouvidos, quando perguntada, diga que é uma promoter da França. Estará tudo bem. Não será estranho então.

_ A recepcionista sabe que eu queria a vaga de balconista... Ela pode comentar sobre isso.
_ Não se preocupe com Gertrudes. Ela é discretíssima! A chamarei até aqui e pronto!
_ Bem, se é assim, aceito sua proposta e mudo para cá com minhas poucas coisas: Não dão mais do que duas malas.
_ Faça isso ainda hoje. Quero que depois do almoço, vá buscar suas coisas. Vou apresentá-la para toda nossa equipe.
_ Aqui tem algum refeitório para almoçar?
_ Claro, menina! Acabei de dizer que aqui terá tudo que precisa! Também as refeições, não se preocupe. Além do mais, aqui na cobertura, tem frigobar com sucos, água... sempre tem um vinhozinho também e micro ondas, se quiser fazer uma refeição de noite, quando a cozinha do segundo andar estiver fechada.
Agora venha, vou te mostrar pessoalmente todo o resto do nosso prédio.

Dentro de si, Mirthes pensou que aquele "nosso" soava como estar apresentando para Micaela o que lhe era de direito...


CAPT 5


Micaela voltava para o atelier de Mirthes com suas coisas, mas antes, dera uma passada na cafeteria onde encontrara Jordan. Quem sabe encontraria aquele rapaz por ali novamente?
Certo, haviam combinado de se encontrarem para um bate papo na semana seguinte, quando Jordan estaria mais 'folgado' de suas atividades...
Foi quando Micaela percebeu que falara de si o tempo todo e nada sabia direito sobre ele... Que atividades seriam essas, afinal?

Pegou um café para "viagem" naqueles copos que achava horrorosos de isopor, mas que o mantinham bem quentinho, e seguiu em frente, afinal Jordan não estava ali...
Teria de esperar mesmo por um telefonema marcando...

Quando entrou na loja novamente, Corine estava conversando com Mirthes e ao vê-la, as duas irmãs calaram-se por um momento. Deu para notar que estavam falando dela. O que seria óbvio, dadas as circunstâncias de uma novata ir morar no atelier da cobertura!

Corine fez sinal para que Micaela se aproximasse.
Meio timidamente (em relação às outras funcionárias), ela foi até onde as novas patroas estavam.
Mirthes pegou sua mão e pediu para a gerente que estava perto, marcasse no final do expediente, uma reunião bem rápida no salão principal, onde aconteciam os desfiles da loja, para a apresentação da PROMOTER Micaela Carmello, francesa descendente de espanhóis.
Lilly, a gerente, fez que sim com a cabeça.

As duas irmãs então, acompanhadas por Micaela, subiram para a cobertura. Ali ficariam até o fim do horário de atendimento ao público.

A essas alturas, é claro que Mirthes havia contado tudo que descobrira sobre Micaela para Corine.
Que de certa forma, ficou contente em saber que também estava certa, quando viu algo que lembrava a irmã, na novata...
Conversavam animadas e Micaela estranhou aquela receptividade toda: Nunca antes havia recebido tanta atenção em um emprego!
Quando Mirthes finalmente lhe disse quanto ela iria receber, foi um susto total!
O copo de café que ainda estava em sua mão, caiu de imediato no chão.
Ficou embaraçada, não sabia o que dizer.

Corine riu e lhe disse:
_ Bem se vê que não está acostumada a um bom salário, Micaela!
_ Não madame. Nunca recebi uma quantia semelhante.

Foi a vez de Mirthes falar:
_Conte sobre você: O que a levou a vir para Londres e deixar Montmatre?
_ Bem, senhora... Tive que fugir da França, para não ser levada para um orfanato, depois da morte de meus pais em um acidente de carro... Tinha 15 anos e foi muito difícil até hoje para mim. Eles me fazem falta... Tratavam-me como uma princesa! Já o mundo aí fora não: É cruel. Fui violentada aos 17 anos, por um dos filhos dos meus patrões. Depois, com pena, deram-me dinheiro para ir embora. Vim então para Londres. Aqui, fiquei em empregos temporários e essa é toda minha história.

Mirthes não pode deixar de ficar emocionada com o relato da filha. Ficou satisfeita de saber que pelo menos enquanto o casal era vivo, cuidou muito bem de Micaela. Sua escolha então fora acertada.
Corine que era mais emotiva, deixou cair algumas lágrimas...
Pensava também no sobrinho que deixara no orfanato: Será que teve melhor sorte que Micaela, ou pior?

Micaela ao notar que Corine estava muito sensibilizada, disse:
_ Madame, não precisa ficar assim... Minha vida é como de tantas pessoas que ficam órfãs muito cedo. Eu mesma repeti isso várias vezes! Sim, para me conformar quando comia apenas uma vez por dia, depois que cheguei a Londres...

Ao ouvir isso, Mirthes desmoronou. Só de pensar que ela poderia estar fraca, anêmica ou coisa pior, porque comia apenas uma vez ao dia, a sua consciência doeu. Ela agora cercada de luxo, comendo em bons cafés e restaurantes e a filha até aquele dia, nessa situação! Era imperdoável. Faria de tudo para compensar o tempo perdido: A começar para lhe mandar ao médico e fazer todos os exames básicos. Claro, tudo seria 'por conta' da grife.


CAPT 6


Duas semanas se passaram e Micaela, Mirthes e Corine, ficaram cada vez mais próximas. As funcionárias da grife, acharam isso um pouco estranho... Claro, inveja e comentários indiscretos existem em toda parte do mundo.
Uma tarde, já totalmente integrada dos seus afazeres no atelier, Micaela finalmente ouviu seu celular tocar com uma chamada de Jordan.
Mirthes percebeu que ela aceitava um encontro na cafeteria (a mesma em que haviam se conhecido). Desta vez, do lado de dentro, com uma mesa já reservada por Jordan.

Depois de desligar o celular, timidamente Micaela olhou para sua chefe e disse:
_ É um rapaz que conheci no mesmo dia em que estive aqui, na primeira vez...
_ Ah, sim? Que interessante, mas não precisava me dizer, querida. Sua vida particular deve ser preservada. A menos que, queira partilhar comigo ou com Corine...
_ Sim, vocês tem sido como uma família para mim, nessas últimas duas semanas que estou aqui. Pagaram médico, deram local para morar, comer... até roupas e calçados novos, além dos acessórios e maquiagem!
Nunca tive atenção dessa maneira. Confesso até que fico sem jeito, são tão boas para mim. Não há nada demais em compartilhar um pouco da minha vida: Esse rapaz, Jordan, tem minha idade. É bonito, e pelo que percebi, bem posto na vida... Conhecemo-nos numa cafeteria bem perto daqui, aquela muito frequentada, na esquina. Combinamos de nos reencontrar assim que ele tivesse um tempo livre. Parece que finalmente ele teve...
_ Isso é ótimo, Micaela. Dessa forma, pode se distrair um pouco. Porque está sempre cuidando do trabalho, e não a vejo sair com alguma companhia, nem aos fins de semana!
_ Sim, madame Mirthes. Eu sempre fui uma pessoa solitária. Tive pouquíssimas amizades na vida. Acho que se conta nos dedos de uma mão...
_ Ah, mas agora ponha nessa cabecinha que não é mais: Aqui tem Corine e eu; agora o Jordan...
_ É verdade, não sou mais uma solitária na vida!
_ Quem sabe, até namoram?
_ Não sei... Ele tem uma classe social melhor do que a minha. Acho que seremos bons amigos, disso tenho certeza, porque nos entendemos em pouco tempo. Parece até que ele já me conhecia... Afinamo-nos tanto!
_ Hum, parece que de sua parte, existe um interesse maior do que amizade...
_ Confesso que ele me impressionou e que torci para que ele ligasse. Mas seria muito difícil, porque acho que ele quer ser apenas meu amigo.
_ Bem, o tempo dirá. Agora se apronte para esse encontro, vá com uma de suas roupas novas, aproveite para ficar bem bonita, isso além do que já é...
_ Sim, obrigada pela força, madame Mirthes.
_ Posso te pedir para não me chamar assim, quando estamos somente eu, você e Corine? Apenas na frente das outras funcionárias, certo? Chame apenas de Mirthes.
_ Se prefere assim...
_ Sim, acho que Corine também!
Essa, que a tudo ouvia de sua mesa, fez que sim com a cabeça.

Jordan ainda não havia chegado ao Café.
Micaela sentou-se diretamente na mesa que estava reservada com seu nome e o dele, ficando à espera.
Ela estranhou como um britânico poderia se atrasar.
Cerca de 5 minutos depois que ela havia chegado, ele apontou na entrada da porta. Micaela virou-se para que Jordan a visse.
Ele então, dirigiu-se até onde ela estava sentada aguardando...

Desculpou-se pela pequena demora. Micaela riu e respondeu:
_ Estranhei um inglês se atrasar!
Ele disse também sorrindo:
_ Não sou inglês, deve ser por isso...
_ Não é? Pensei que fosse, com esse sotaque britânico! Onde nasceu então?
_ Nasci em Montmatre, na França, como você. Somos conterrâneos.
_ Por que não me disse antes?
_ Não quis atrapalhar seu relato, no dia em que nos conhecemos.
_ E como e quando veio para cá, me conte agora.
_ Ah, isso foi há muito tempo atrás, quando era apenas um bebê: Fui adotado por um casal que estava na França para umas férias. Visitaram o orfanato, gostaram de mim, me adotaram e sou feliz com eles.
Não poderiam ter pais melhores!
_ Sorte sua!
_ Sim, realmente... Pena que você não teve tanta assim, depois que ficou órfã...
_ Nem me fale! Mas agora as coisas estão melhores. Estou trabalhando numa famosa grife: Rêver de la Belle.
_ Conheço. Minha mãe compra sempre lá. Algumas vezes vou até lhe acompanhando...
_ Ah, sim? Que ótimo. Numa dessas idas, me procure: Farei questão de conhecê-la.
_ Ora, não precisa esperar por isso: Pode almoçar conosco no sábado, que tal? Convide também as madames Mirthes e Corine. Minha mãe gosta muito delas. Se conhecem pelo menos há uns 8, 9 anos...
_ Nossa, como esse mundo é pequeno! Hoje mesmo, falei sobre você com madame. Como não disse o sobrenome que estava no seu cartão, ela deve ter pensado que seria outro Jordan...
_ Certamente. Então, está combinado?
_ Sim, de minha parte irei. Vou convidá-las também.
_ Faça isso. Mamãe ficará contente coma a presença de todas. Agora vamos pedir? Conversamos e ainda não comemos e bebemos nada!
_ É verdade! Quero um café expresso com bolo inglês, torradas, queijo cremoso e geleia de morango. E você?
_ Engraçado... Vou pedir exatamente o mesmo, parece que leu meu pensamento!


Continua no livro


QUER COMPRAR EM E-BOOK?

ENVIE E-MAIL PARA:
fatuquinha@gmail.com
DAREI OS DETALHES. 
LEMBRE-SE : COMPRANDO EM E-BOOK DIRETAMENTE COMIGO, LEVARÁ OUTRO DE BRINDE, A ESCOLHER NA VITRINE VIRTUAL: 

 http://www.bookess.com/profile/fatuquinha/books/


*E se quiser impresso, clique no link:

http://www.clubedeautores.com.br/book/161290--Encontro_Casual?topic=familiaerelacionamentos#.VAC3pKMmUos 

 Cover_front_medium


FACILITADO EM 12X NO CARTÃO, PODENDO PAGAR TAMBÉM COM BOLETO BANCÁRIO.




Nenhum comentário:

Postar um comentário