domingo, 25 de setembro de 2016

O BOM RECOMEÇO (reeditado)






CONTO SURREAL




O dia se aproximava, fora passado de geração em geração desde o início dos tempos...
O 'Juízo Final', era assim que as religiões o chamavam... Na verdade era apenas um acerto de contas da Humanidade com o CRIADOR e a mãe Terra.
Gaia estava abalada desde o último século, o homem castigou seus recursos naturais, poluiu seu oceanos e rios, devastou suas florestas...
Ela aguentou o quanto pode, mas a 'revolta' se tornou visível com seus abalos sísmicos, tsunamis, enchentes, nevascas, etc.
Gaia estava doente. O CRIADOR sabia e finalmente achou que  aquela data seria a gota d'água, para decidir o que faria com todos nesse orbe terrestre...

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Amanheceu um dia diferente, o céu não tinha pássaros e a cor era alaranjada, diferente do azul costumeiro... Como se fosse um fim de tarde, quando o sol deixa esse tom no céu...
As borboletas também sumiram. Os cães não latiram na vizinhança, pareciam esperar alguma coisa, quietinhos.
Eva tomou seu café da manhã. Ligou a TV, prestou atenção nas notícias.
Uma 'turbulência' pelo mundo: Parecia que todos enlouqueceram de uma só vez: incêndios, saques, violência... Sem falar nos acidentes naturais: as geleiras começaram a derreter, os oceanos aumentavam de tamanho em minutos, as enchentes eram iminentes...
Ela desligou o aparelho de TV. Recolheu-se em uma prece.
Depois, fechou as janelas e portas.
O dia havia chegado, ela sabia!
Falou ao telefone com alguns amigos e parentes que ainda atendiam, pois não tinham sido 'infectados' pela tormenta. Despediram-se.
Apertou o retrato dos filhos no peito. Aguardou...

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O céu escureceu, tornou-se cinza. Trovões assustadores, raios rasgavam a atmosfera.
A rebelião das hordas nefastas seguia pelas ruas, faziam alarde, gritavam, fingiam vozes amigas para que os desavisados, abrissem as portas...
Mas ela sabia: nunca abrir! Por mais triste que fosse o apelo do lado de fora...
Pousou uma vela acesa na janela principal da casa. Aquilo faria com que eles não chegassem perto. A luz doía-lhes os olhos, eram seres malévolos, viveram na escuridão até ali...
Ela continuava suas preces, até que finalmente um sono tomara conta de seus olhos: As pálpebras pesadas fechavam mesmo contra sua vontade.
O sono durou 3 dias. Assim como Eva, alguns seres humanos também caíram nesse sono profundo, em vários lugares do planeta. Assim foi até o terceiro dia.
Eva abriu as janelas, pois ao acordar percebeu que o ruído das hordas havia terminado, e a luz do novo dia, passava pelas frestas das portas e janelas de sua casa. O sol estava de volta!
Respirou fundo, percebeu que até o ar era leve, um aroma primaveril de flores!
Saiu porta a fora, para olhar o 'novo mundo', sabia que haveria essa mudança: As coisas nunca mais seriam como antes...
Uma Nova Era, tão anunciada e que muitos duvidaram que aconteceria!

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Eva viu que algumas pessoas despertavam também, aquelas que estavam caídas pela rua, quando houve a mudança da escuridão para a LUZ.
Todos estavam ainda desnorteados, a adaptação ao novo sistema, teria de ser gradual e isso seria garantido pelos mentores responsáveis pela Nova Era.
As memórias anteriores, foram apagadas com a finalidade de não causar dor, pelos parentes que já não estavam mais entre eles.
Todo sofrimento humano: guerras, violência, fome, moléstias, fora retirado também da Terra.
O mal havia sido combatido por 3 dias, e derrotado, foi levado com tudo que isso acarretava.

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Curiosamente, Eva se lembrava do passado, de antes do sono profundo que passara... Ela percebia que os outros, nada sabiam o que havia acontecido, nem mesmo quem eram! Apenas despertaram para um mundo novo. Teriam nomes novos, uma nova Humanidade surgia, para os que ficaram pelo merecimento, foram escolhidos e poupados pelo Criador.
Eva seguia olhando tudo de novo ao seu redor:
No lugar de avenidas, agora haviam campos verdejantes!
Nada de carros,  de máquinas, nada que lembrasse a tecnologia que o homem produziu nos séculos anteriores.
Apenas as pessoas, os animais, juntos, para viverem de mãos dadas com 'Gaia' renovada.
Eva lembrava do seu nome e significado: A 'primeira mulher'.
Os demais não sabiam, e escolheriam o nome que  quisessem, a partir daquela data.
Caminhou até a beira de um rio e sentou-se ali.
Fechou os olhos, respirou fundo...
Percebeu que ainda não comera nada desde que saiu de sua casa. Sentiu um toque em seu ombro:
_ Bom dia, Eva. Sou seu mentor. Sei que você está se perguntando porque não esqueceu o mundo anterior como os demais. A resposta, é apenas uma: Recebeu o nome da primeira mulher, e assim como ela foi encarregada de um dia povoar a Terra, você também terá uma missão: Cuidar de todos que estariam sob sua guarda, como uma grande mãe,  e não deixar que eles voltem a cometer os mesmos erros.
 Terá minha ajuda e de outros mentores, para que aprenda mais sobre a nova Ordem, e como lutar contra isso... Talvez se torne mentora também.
E pegando uma de suas mãos, ajudando-a se levantar, ele completou:
Muito prazer, me chamo Adão.

Fátima Abreu

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