quarta-feira, 10 de maio de 2017

A COLECIONADORA -CAPT 4- CONT


Ele era loiro (ficando grisalho), estatura mediana, uma voz um pouco irritante, mas, bonito.

 Dois anos mais novo (42) do que a colecionadora (44); E frisava bem isso, sempre que tinha oportunidade...

 Talvez para mostrar que sendo mais novo, teria mulheres mais jovens do que ela, caso quisesse.

 Uma maneira sutil de se auto valorizar...

Entretanto, ela era vivida. Sabia que ele usava desse artifício, para garantir que ela atenderia seus caprichos machistas.

A norma de não se apaixonar, foi por água a baixo. E mesmo sabendo que ele era um aproveitador, isso aconteceu.

Essa coisa da paixão não se explica. Ele nunca a mereceria, era um crápula.

Separado da ex esposa, e mãe dos seus filhos, estava desempregado já fazia mais de um ano.
Claro, ficaria com qualquer mulher que pudesse lhe bancar, até estar novamente empregado...

 Assim podendo se manter, e também pagar a pensão dos dois filhos.

 A ex fazia pressão, e tinha pensado até de prejudicá-lo na Justiça. Os filhos talvez orientados pela mãe, da mesma forma, pressionavam o pai.

 A filha de quinze anos era a mais talentosa para fazer esse papel.

O homem cada vez que ligava para ela, se rendia, e quase chorava...

Talvez as lágrimas fossem de crocodilo, somente para impressionar a Colecionadora (que estava presente quando ele dava esses telefonemas).

 E ao desligar, ele sempre ficava com aquela cara de gato com medo de chuva.


Era tão cínico, que comentou com Mar, que tinha um homem que ele conhecia (desconfiava ser gay) que o havia chamado para trabalhar em SP, Capital.

 Mas, não tinha aceitado, porque era longe para visitar os filhos. 

Disse que era uma proposta muito boa: Inclusive teria casa certa para morar, etc e tal...

E que só seus filhos lhe prendiam ao estado do RJ.

 Ora, se um homem diz isso, quer dizer que entraria na dança, e seria o amante do chefe, só para poder ter estabilidade em um emprego, pagar suas contas e pensão dos filhos...

 Homem que é homem, nem cogitaria tal proposta!



Nos momentos de intimidade dos quinze dias em que esteve na casa da Colecionadora, tinha uma tara inusitada (ela achava que conhecia a maioria, e surpreendeu-se):

 Enquanto transavam, ela tinha que puxar os cabelos dele ao máximo, e ele não se importaria se até arrancasse alguns fios...

Quando não fosse isso, tinha que lhe morder a cabeça com força!

 Era desequilibrado. Só podia! Arrancava as cutículas puxando-as até ficar no sabugo, inflamando seus dedos. Além de tudo, era masoquista!

Definitivamente, ele não serviria mesmo para a Colecionadora!

Ela era como uma rosa vermelha e margaridas juntas, fazendo um buquê:

Tinha a volúpia de uma rosa, paixão! Mas, ao mesmo tempo, era suave como as pétalas da margarida silvestre.
Ele poderia ser uma erva daninha.



Depois dos dias passados com Mar, ele voltou para Resende. Eles se falaram muitas vezes pelo celular.

O homem sempre prometia que voltaria de vez, para se estabelecer na cidade em que ela morava, e que assim, ficariam juntos.

Bastava que resolvesse todas as pendências...
Marcou até data para seu retorno, dizendo que vinha para morar mesmo com ela.


Pela primeira vez na vida, a Colecionadora acreditou que pudesse ser mesmo verdade.

 Stênio Villardo (esse era seu nome) combinou tudo: Data, hora de chegada... 

No dia marcado, ele não ligou dizendo que estava saindo de Resende.

Ela estranhou e ligou para ele, que demorava a atender ao celular...

Finalmente ele disse que já estava no ônibus, e que ela o esperasse para o almoço por volta de uma da tarde, quando deveria chegar por lá.



Ela cuidou de arrumar a casa, pois as coisas do almoço, ela já tinha comprado no dia anterior.

Fez a comida e a sobremesa. Esperou. Nada!

Ligou... Ele não atendeu. Deixou então, um recado e SMS.

Não obteve nenhuma resposta. Caiu a tarde, veio a noite, e passou-se uma semana.

Continuava sem o retorno de suas chamadas. 

Já Stênio, via o número e desligava.



Para ela, só o choro: Tinha se dedicado a quem não merecia, e ainda lhe fez de idiota perante todos que sabiam que ele viria morar com ela.

Com certeza havia aceitado o emprego em SP, pois o cerco da ex esposa por causa da pensão dos filhos, já estava fechado:

Ela daria parte ao juiz, caso não aparecesse com o dinheiro atrasado.
Assim ele tinha comentado pelo celular, dias antes de marcar seu falso retorno.

Mar então viu em uma das redes sociais, pesquisando sua atual localidade: São Paulo.



Enfim, dois anos e meio depois, ele escreveu um comentário para ela, nessa mesma rede.

Como se nunca houvesse feito nada para decepcioná-la...
Como dizem os antigos: Cara de pau, tem que usar óleo de peroba!


A Colecionadora evidentemente, não se deu ao trabalho de se quer dar um “oi”.

Além do mais, nessa época, ela já vivia com seu grande e inesquecível amor...


(continua)
 
Fátima Abreu Fatuquinha


 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

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